Do pressuposto de que todos os seres humanos se originam de Deus, fato este que pode ser facilmente constatado e compreendido, pelo complexo expediente da razão, comum em todos nós; uma vez que os animais, por serem movidos pelo instinto não odeiam seus semelhantes nem premeditam o mal. Logo, os seres humanos mais evoluídos na complexidade heterogênea da humanidade, devem perceber que as diferenças físicas, culturais e emocionais, são na verdade a nossa maior riqueza espiritual.
Todavia, esta mesma heterogeneidade sempre foi a mola propulsora para o desenvolvimento do preconceito, e de toda sorte de violência, por todos os tempos idos e vividos. Por séculos temos experimentado muitas formas de intolerância: religiosa, cultural, racial e, sobretudo social. A cor da pele, o credo professo, a ideologia política, e, atualmente está em voga o preconceito sexual de forma exacerbada, como nunca se vivenciou.
Ser humano é ser desigual, esta realidade ainda está oculta a muitos espíritos, à maioria dos homens deste planeta subdesenvolvido. O homem rude, aquele que não praticou de forma cabal a sua humanidade, desconhece, portanto, este princípio moral e divino: fomos feitos desiguais para que vivenciássemos várias experiências, e estas são capazes de nos tornar criaturas melhores, mais generosas, humanas.
No entanto, onde reside a causa de nossa estupidez, no que tange a intolerância? Se realmente somos racionais, o que é que nos falta para compreender e praticar a tolerância? Esta pergunta deve ser a premissa para começarmos a mudar o mundo, todavia, este mundo que ainda não conseguimos transformar, é a nossa própria mente arraigada no obscurantismo tribal, onde habita toda sorte de vestígio de desumanidade.
Não precisamos ir muito longe, ou tratar este tema de forma universal, evocando aqui as grandes guerras, os genocídios dos índios americanos, o terror africano do Boko Haram, as cruzadas da idade média, ou mesmo o grande holocausto ariano. Talvez aludindo ao massacre sírio, sob a égide do Estado Islâmico. Nos basta averiguar o que ocorre em nossa volta, o desequilíbrio emocional que afeta toda esta geração de pessoas intolerantes. São intolerantes com os diferentes, em qualquer contexto, seja étnico, social ou religioso. Cometem as piores barbáries, crimes violentos no futebol, na política, no mundo dos negócios, influenciadas pela ganância e pelo desejo de ter mais poder.
Nunca foi tão perigoso expor nossas opiniões, seja sobre qualquer assunto, contudo, pessoas que são intolerantes em qualquer realidade, física ou virtual, mesmo que seja apenas por simpatia a um determinado grupo, ideologia ou crença, revelam uma estupidez sem par, desconhecem, portanto, a natureza humana, sobretudo revelam sua imensa ignorância com respeito á própria essência humana, heterogênea que é a soma de toda nossa vivência com a natureza desigual.
Relembro aqui o pensamento universal de Leon Tolstoi “Se queres mudar o mundo começa pintando tua aldeia” Não será perseguindo, agredindo e matando a minoria que iremos transformar o mundo, ou talvez construí-lo à nossa maneira, pois sempre haverá aqueles que nos serão distintos: na cultura, nos gostos culinário e musical, na opção sexual, na política ideológica, na crença ou na descrença. Somos diferentes por natureza, e devemos ter em mente, de forma constante e consciente, que todos os seres humanos possuem sua própria visão sobre o universo, do qual todos nós querendo ou não, fazemos parte.