Correio Brasília

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ENTREVISTA COM O POETA CHICO MULUNGU

21/02/2017 09:50
 
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Quem é Chico Mulungu?
 
- Chico Mulungu é um operário em construção de se mesmo. É um profissional de vendas (vendedor), que nas horas vagas aventura-se a escrever poesias, Literatura de Cordel e até Literatura Infanto-juvenil!...
 
Caro poeta, como descreve a vida de um poeta que vive no interior do Brasil?
 
- Descrevo como uma vida de menos oportunidades do que a de quem vive na cidade grande. Sendo que por outro lado o interior, acho eu, é um lugar mais propício para um poeta, um escritor em fim, que precisa de lugares mais calmos para se concentrar e escrever, digo, criar com qualidade. No meu caso, que já vivi por muitos anos em São Paulo, vivo hoje no interior da Paraíba: Guarabira, por opção própria, mesmo sabendo dessas dificuldades. Hoje prefiro o interior!...
 
 
Consegue ensinar sua arte aos novos em sua cidade?
 
Fui convidado em 2016 para ser instrutor de uma oficina (curso) de cordel idealizado e patrocinado pela Secretaria de Cultura do Município de Guarabira, e juntamente com outros cordelistas da cidade, participei na condição de transmitir os meus conhecimentos sobre a Literatura de Cordel. Vale lembrar que Guarabira é berço do que há de melhor no cordel brasileiro, onde há o Memorial do Cordel, que tem como patrono José Camelo de Melo Rezende, o autor do Romance do Pavão Misterioso, o que realmente ajuda na divulgação do cordel contemporâneo que produzimos em Guarabira e região.
 
 
Como tem usado as redes sociais com fomentar a poesia? E com que resultado?
 
- Não podemos discordar da ideia de que as redes sociais são ótimos veículos de fomentação da poesia e da cultura em geral. Tenho algumas páginas que administro no facebook onde procuro divulgar minha produção literária. Páginas como: Pé de Cultura, Flor de Mulungu e Brinde à Poesia. Além do meu perfil particular: Chico Mulungu.
 
 
O Cordel é a sua única linha de criação e expressão artística ou escreve outros estilos?
 
-  O cordel não é a minha única linha de criação literária!... Escrevo poesias desde a minha adolescência, numa linhagem digamos, mais erudita. Em 2015 publiquei pela Editora FoxGraf um livro Infanto-juvenil intitulado, "FIO-FIO CABELOS DE SAPO EM A MULTIPLICAÇÃO DO OVO", um livro direcionado para a escola do ensino fundamental. Quanto ao cordel, só despertei para esta modalidade literária, a partir de 2014, quando conheci o cordelista Severino Honorato, membro da "Academia Brasileira de Literatura de Cordel". Vale lembrar que por motivos particulares, passei cerca de duas décadas fora de literatura, digo, sem produzir absolutamente nada, só voltando a desengavetar meus escritos e a escrever novamente, a partir de 2014. 
 
Como tem publicado seus livros, já recebeu algum incentivo público ou privado?
 
- Nos anos oitenta, publiquei um livrinho de poemas chamado, "TOQUE DE UNIÃO", só vindo publicar novamente em 2015, o livro Infanto-juvenil Fio-fio Cabelos de Sapo em A Multiplicação do Ovo, por uma Editora local, de João Pessoa: FoxGraf. Além de está produzindo um outro livro de poesias, que será publicado em breve, tenho participação em várias Coletâneas (Antologias): "DEZ POETAS E EU, Vol. 03", "UM BRINDE Á POESIA", "DESAFIO" e "DEZ POETAS E EU, Vol 08", estas sendo publicações da Editora do Carmo - Brasília-DF. Em novembro de 2016, participei de uma outra Antologia Poética, produzida pela Secretaria de Cultura de Guarabira-PB, por ocasião do aniversário de 129 anos da cidade citada. E ainda estou aguardando outra Antologia que sairá no próximo mês de março, que da qual também participo, trata-se da "II ANTOLOGIA AVL"- Academia Virtual de Letras, instituição da qual sou acadêmico, onde tenho como patrono o escritor paraibano José Lins do Rego. - Quanto a incentivo financeiro, público ou privado, nunca recebi!...
 
 
Quais poetas e escritores lhe inspiram?
 
- A primeira escritora a me inspirar na modalidade Infanto-juvenil, foi a paraibana Joana Belarmino, quando no inicio dos anos oitenta li seu livro: 'DARTANHAM, UM GATO COM GOSTO DE PINTO" publicado pela Editora Moderna. Em seguida, no ano 1986 tive o prazer de conhecer de perto a poetisa escritora piracicabana, Marisa Bueloni, que me transmitiu muita inspiração. Sempre gostei das letras dos sambas do poeta sambista, João Nogueira, e também sempre gostei do poeta Vinicius de Morais. Lembrando ainda, que sempre fui admirador da obra de augusto dos Anjos. Por último, tenho uma grande afinação com o poeta-cordelista Severino Honorato, por ocasião de partilharmos muito da nossa produção literária.
 
 
Tem uma meta com a poesia, onde deseja chegar?
 
- Minha meta é a boa poesia... é produzir e produzir com qualidade enquanto puder, enquanto a vida me permitir. Não tenho interesse em atrair holofotes... fama para mim não quer dizer nada. Minha meta é repassar meus conhecimentos adquiridos com a experiência, para a juventude, principalmente no que refere-se a Literatura de Cordel, por ser compromisso do cordelista responsável, perpetuar esta modalidade tipica do  Nordeste.
 
 
Qual é a realidade cultural do Brasil, pela sua ótica?
 
- Vejo a cultura ameaçada a longo prazo no Brasil. Minha simples ótica diz que a cultura brasileira, especialmente a literatura, corre sérios riscos por conta dos nossos dirigentes não investirem ao menos o mínimo necessário na difusão cultural. É preciso urgentemente fazer com que o jovem brasileiro goste mais de livros do que de celulares. Sabemos que isso é extremamente possível, desde que haja vontade política. Se não houver verdadeiramente esta inversão de valor cultural, sinceramente nossa cultura, repito, corre sérios riscos!...
 
contato para encontrar sua obra?
 
- Tenho material literário à venda em livrarias de João Pessoa, a exemplo da LIVRARIA DO LUIZ na Galeria Augusto dos Anjos, e também na livraria SEBO CULTURAL, ambas no centro da capital.
 
 
AOS OLHOS DO CRIADOR

 

Sendo um certo Chico Mulungu,

Não sou pior, nem melhor que ninguém...

No mangue tão vermelho de aratu

A lama nutre sentimentos que provém.

 

De simples, a minha origem é rara

E ser bronco não me é empecilho,

Sou a semente lançada na seara

O que me faz seguir o estribilho.

 

O amor conduz ao perdão neste plano,

Fonte que eleva o ser humano

Aos bons olhos divinais do Criador.

 

Digo não, ao desabono do zodíaco

Já que somos carbono e amoníaco

Correntes pelo mesmo corredor.

 

 

Chico Mulungu

 

 

 

 

 

 

 

 

SONETO DA INFÂCIA LEVE

 

Desencarrilhou-se um dos vagões ao vento

Do expresso trem da minha maturidade,

Desceu de volta a linha do pensamento

Rumo à boa infância de saudade.

 

Feliz, conheci aquela estação

Alcançada por minha locomotiva.

Em rios perenes e ao sol, no verão

Banhei-me solene em puberdade viva!

 

Sempre queremos voltar a ser criança

Para tocarmos o pífano da pujança

Realizados, no mundo infantil.

 

Um dia ao amanhecer no paraíso

A voz de mamãe me fez bem indeciso:

- Acorda, filho!... De tarde, estás febril!...

 

 

Chico Mulungu

 

 

 

 

 
Fones/WhatsApp - 83 9 9900-1445 * 9 8888-1535
 
 

Chico Mulungu

 

Francisco Severino da Silva, filho dos mulunguenses Severino Valdevino da Silva e Mariza Maria da Conceição. Nasceu em 24 de agosto de 1965, no trajeto de uma viagem entre Crato-CE e Mulungu-PB, a terra natal de sua família.

Viveu toda sua infância na cidade, onde começou estudar. Aos treze anos de idade partiu para João Pessoa, para trabalhar e continuar seus estudos.

Em 1979, morando em república com amigos, começou escrever seus primeiros poemas. Em 1982, Chico Mulungu chega a São Paulo e Rio de Janeiro respectivamente. Em São Paulo teve contatos com vários militantes da Literatura; escritores, poetas e conceituados artistas.

Em 1986, novamente em São Paulo, foi acometido de um câncer maldito, o que lhe abreviou parte da sua vivência. Em 1988, casa-se no Rio de Janeiro, e em 1989 volta definitivamente para sua Paraíba, passando a residir em Guarabira, onde constituiu família.

Depois de passar cerca de duas décadas distante da sua literatura, em 2014, Chico Mulungu volta a escrever e a desengavetar seus antigos escritos. Em 2015, publica o livro Infanto-juvenil, “Fio-fio Cabelos de Sapo em A Multiplicação do Ovo”. E ainda interessa-se por Literatura de Cordel, tendo já publicado 12 títulos. Em 2016, participa de quatro coletâneas: Sendo os livros, “Dez Poeta e Eu, vol 3.” “Um Brinde à Poesia”, “Desafio” e “Guarabira, Luz e Poesia.”

 

 
Chico Mulungu
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