Por Sérgio Botêlho
O vice
A especulação da hora na grande mídia diz respeito à situação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RIO). Impera a desconfiança de que o destino do dirigente parlamentar estaria selado: em fevereiro, é provável que o Supremo o desaloje do posto.
Já se especula sobre quem vai substituí-lo. Conforme analistas, a intenção de Cunha é deixar o vice, Waldir Maranhão, (PP-MA), que também foi citado pelo doleiro Alberto Yousseff em sua delação premiada sobre corrupção na Petrobras.
Maranhão tem dado mostras de lealdade ao ainda presidente da Câmara dos Deputados, em mais de uma vez, e em situações tão delicadas que acabam por colocar em risco a própria credibilidade do vice perante a opinião pública.
Foi Maranhão quem decidiu pelo afastamento do relator do caso Cunha, Fausto Pinato (PRB-SP), no Conselho de Ética da Casa, embora o ato não tenha sido suficiente para derrubar a admissibilidade do processo contra o peemedebista fluminense.
A próxima iniciativa de Waldir Maranhão, segundo o noticiário, será justamente anular a admissibilidade do processo de cassação de Cunha, no Conselho de Ética, já que não há mais garantia de que isto venha a ocorrer no âmbito da Comissão de Constituição e Justiça da Casa.
Lealdade
Com tanta lealdade ao presidente, não custa acreditar que o vice-presidente da Câmara goze realmente de muita consideração, da parte de Eduardo Cunha, a fim de que ocupe a posição com o cada vez mais admitido afastamento dele (Cunha).
A tese defendida, ainda segundo a mídia, é a de que, sendo Cunha afastado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o cargo não estaria vago, e, por conseguinte, não precisaria haver eleição para o novo presidente.
Mais uma vez, o argumento está sendo construído pelos ‘técnicos da Mesa’, à qual pertence Maranhão. Conforme a justificativa, uma vez que Cunha tem direito a recorrer da decisão, ele (Cunha) seria, apenas, um presidente afastado.
Diz o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, no parágrafo 2º do Artigo 8º que, “se até 30 de novembro do segundo ano de mandato verificar-se qualquer vaga na Mesa, será ela preenchida mediante eleição, dentro de cinco sessões”.
Portanto, fica dependendo do que estabelecer a possível decisão do Supremo Tribunal Federal, que, cercado de cuidados, deixou para o mês de fevereiro a decisão a ser tomada sobre o presidente da Câmara.
Mais denúncias
Enquanto isso, a imprensa segue veiculando denúncias contra o presidente da Câmara, o que só piora a situação do atual comandante da Casa perante a opinião pública e o Supremo, onde corre a representação contra ele.
A maior preocupação dos aliados de Eduardo Cunha é a de que ele não seja considerado pelo STF como capaz de atrapalhar investigações em curso, erro que acabou provocando a prisão do senador Delcídio do Amaral, em 25 de novembro passado.
Aliás, essa é uma tese que também já começa a preocupar aliados tanto de Cunha quanto de Maranhão, tendo em vista a estreita ligação entre os dois e imprevisíveis interpretações judiciais sobre os atos do atual vice-presidente ao curso dos últimos meses.
Vive, portanto, a Câmara dos Deputados, e o mundo político brasileiro, um período de férias repleto de ruídos sobre o caso Cunha, e possíveis desdobramentos do desaguisado no âmbito da Justiça e do próprio Parlamento.
E, como se não bastasse o caso, ainda há o fato de que a Operação Lava Jato continua, uma vez que, diferentemente do Parlamento (a Câmara não indicou membros para a Comissão do Recesso, no Congresso), a Justiça tem plantão, e a Polícia Federal não está de férias coletivas.
fonte: anexo6