A ressaca do réveillon não veio por conta de espumante para diversos usuários do aplicativo Uber. Vários deles foram surpreendidos pelos valores cobrados pelo serviço de de transporte individual privado no seu “preço dinâmico”, uma tarifa mais alta que é aplicada em momentos de maior procura pelos veículos.
A arquiteta Daniela Rodrigues, 33 anos, saiu do Setor de Clubes Sul até Águas Claras. Na estimativa feita pelo aplicativo, ela pagaria R$ 37, com uma tarifa dinâmica de 5,5. “Para mim, esse seria o valor do quilômetro rodado, pois nada explicava.” Só que o preço da corrida foi multiplicado e ela teve que pagar R$ 556. Os valores podem ser multiplicados por até 9,9.
No site oficial do Uber, o preço dinânico é definido como “um algoritmo que calcula automaticamente a oferta e a demanda por carros para determinar o valor mais adequado para equilibrar a balança.” O que isso significa? Quando a procura por veículos é maior que a quantidade deles, os preços ficam mais elevados para causar um estímulo nos motoristas, que seguem até aquela área para atender os clientes.
Com o equilíbrio, teoricamente, o valor volta a ficar estável. “Isso acontece de forma automática no aplicativo. É a forma de avisarmos aos motoristas para seguirem até o local. Com isso, o preço começa a diminuir”, explica Fábio Sabba, porta-voz do Uber no Brasil. O problema, garantem os usuários, é que o preço final é mal informado quando eles solicitam o carro.
Maria Inês Dolci, coordenadora instituicional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), garante que essa falta de transparência é um grave problema e deve ser relatado ao Procon. “O Uber não é regulamentado e isso exige um cuidado ainda maior do consumidor. Cobranças extremamente desproporcionais como essa devem ser comunicadas com antecedência.” O Projeto de Lei 777/2015, que trata da regulamentação dos serviços de transporte individual privado, ainda está em tramitação na Câmara Legislativa.